A sala era enorme, repleta de candelabros e loiças de porcelana, cortinas de veludo vermelhas que salientavam ainda mais a imensidão daquele lugar. Havia também uma pequena orquestra que tocava Chopin e lá perto estavam alguns convidados a ouvir atentamente com os olhos particularmente distantes, filtrando apenas a melodia. Do outro lado estendiam-se algumas mesas e ao seu redor enormes poltronas de veludo onde algumas damas conversavam sobre os seus dias e sobre novas tendências moda.
Margaret não se encaixava por completo naquele mundo dourado onde no entanto nascera e crescera. Em Paris, onde fora estudar literatura Francesa, obteve uma liberdade que aprendeu a amar, coisa que jamais lhe tinha sido concedida enquanto estivera em Londres perto da sua mãe. Matilda era uma mulher elegante, alta e severa, de olhos verdes brilhantes e de estrutura fina que tinha um grande poder diante da corte inglesa pela sua riqueza e perspicácia e que depois de ficar tragicamente viuvá recebera ainda mais respeito e afeição por parte de todos. Tinha a seu cuidado Margaret, sua única filha, com apenas 19 primaveras e que herdou parte dos traços da mãe sendo estes principalmente a perspicácia e beleza. Matilda tinha apenas um objectivo: casar a sua filha de modo a ver assegurada a sua posição, felicidade e riqueza. Margaret tinha a perfeita noção das intenções de sua mãe e não se opôs sendo que apenas queria uma coisa, a sua liberdade.
Margaret circulou pelo vasto salão, apertada no seu vestido de cetim beige que a destacava no meio daquela imensidão. Chegou perto de uma mesa onde encontravam servidas taças de champanhe e serviu-se. para de seguida se encostar de modo a não ser vista nem comentada pelos convidados que estavam na sua maioria divertidos entre as danças, as conversas sobre politica, os jogos de cartas, os comentários... Todos a expeção de uma pessoa que também, para admiração de Margaret, se encontrava sozinho e sorridente a observar o seu redor. Era um jovem muito vistoso e elegante, alto, com uns belos olhos azuis que pareciam estar numa outra dimensão a certa altura. Margaret permaneceu no seu sitio a contemplar e a tentar entender o porquê daquele cavalheiro estar ali, sozinho... será que se encontrava na mesma situação que ela? será que estava somente a espera de alguém? será que teria sido mandado para ali por sua mãe? tudo era possível.